Estapafúrdios do Quotidiano

Numa altura em que em Portugal só se fala nas fantásticas – e assustadoramente enormes! – ondas da Nazaré, o Estapafúrdios do Quotidiano apresenta a todos os seus leitores: «Leonidas King, o verdadeiro surfista!»

Leonidas King, é um jovem surfista que alega ter surfado a maior onda que alguma vez existiu na Nazaré. De tal forma que, na opinião de Leonidas King, a onda que ele surfou coloca a um canto a onda que Garrett McNamara surfou em 2011. Nós duvidámos um pouco de Leonidas King, o que nos levou a entrevistá-lo. Ora, tomai atenção à entrevista...

RIC: OI! Tudo legal, cara?

Leonidas: Hey, tudo... Legal?

RIC: Você está perguntado se eu estou legal, ou se você está legal? Não entendi...

Leonidas: Hum... Eu estava perguntado se você estava legal... Sabe, vocês os brasileiros, por vezes, tornam-se um pouco difíceis de entender...

RIC: Nós, os brasileiros?

Leonidas: Sim...

RIC: Mas eu não sou brasileiro...

Leonidas: Ai, não? Mas você está falando brasuca, cara...

RIC: Eu estou a falar brasileiro, porque eu pensei que tu fosses brasileiro...

Leonidas: Eu? Mas que ideia...

RIC: Mas chamas-te «Leonidas»... Isso é nome de brasileiro...

Leonidas: Só se for na tua terra... Na minha, que é a Nazaré, é um nome bastante português... Sou nazareno de gema, meu amigo!

RIC: Ah... Está boa, essa... Bom, mas então, o meu amigo é surfista... Não, é?

Leonidas: Eh... Tenho dias... Já fui mais do que sou hoje, mas pode-se dizer que sim: que sou surfista...

RIC: Então? Deixaste de surfar?

Leonidas: Eu? Nada disso... Agora é que não me dá muito jeito, por causa do tempo...

RIC: Do tempo? Então, é o emprego? Retira-te tempo para surfares?

Leonidas: O emprego? Qual emprego? Estamos em Portugal, meu amigo... Aqui não há empregos... Existe sim, o Fundo de Desemprego... Agora empregos, nada...

RIC: Então mas o meu amigo orgulha-se de ter surfado a maior onda da Nazaré! Maior ainda que a de Garrett McNamara... Não é?

Leonidas: Correcto e afirmativo...

RIC: Então, e que raio de onda foi essa? É que ninguém noticiou isso! Ao que parece, foi apenas o próprio Leonidas a registar esse feito. Na primeira pessoa, inclusive... O que não deixa de ser algo estranho.

Leonidas: Ó amigo, você lembra-se das altas temperaturas que estiveram em Portugal, este verão?

RIC: Sim, claramente... Ainda tenho o bronze na pele...

Leonidas: Então, enquanto o meu amigo estava a banhos na praia, aqui o Leonidas estava a surfar a maior onda de calor deste verão!

RIC: Onda de calor?!?!

Leonidas: Sim, você não vê os noticiários? Quando eles anunciaram que, neste verão, iria existir várias ondas de calor na ordem dos 40 graus?

RIC: Sim...

Leonidas: Então, no dia em que esteve mais calor em Portugal, eu peguei na minha prancha de surf, que comprei a 5€ no Jumbo – estava em promoção! – e fui para o terraço do meu prédio. Fiquei lá, estendido, a surfar que nem um doido a maior onda de calor! Fui uma loucura! Uma loucura e um enorme escaldão! Mas, atenção, do Leonidas ninguém falou! Andava tudo louco com o Garrett! Ai, o Garrett... O velhadas que surfou uma mísera onda de 30 metros... UAU! Eu surfei uma de 40 graus! Quem é o maior, quem é? Pois...

RIC: Ok... Estou sem palavras... Muito obrigado pela entrevista... Adeusinho...

Leonidas: Ei, espera aí! Vais falar sobre mim no Estapafúrdios do Quotidiano, certo?

RIC: CLARO! COMO É QUE PODERIA DEIXAR ESCAPAR UMA PROEZA DESTAS?!

Leonidas: Nice! Finalmente o reconhecimento que mereço! Finalmente, c'um caraças!

RIC: Isso... Isso...

RIC

Olá, amigos leitores. Hoje trazemos até si um assunto sério. Um assunto bastante delicado que devia preocupar toda a gente. Um assunto que nos toca cá dentro, bem fundo, no peito! Se é verdade que nós, aqui no Estapafúrdios do Quotidiano, levamos a vida a brincar, também é verdade que quando é necessário sabemos apoiar boas causas. Quais?! Ainda não sei. Mas que apoiamos, apoiamos... E para provar que gostamos de apoiar (e de nos apoiar) iremos fazer uma doação para uma boa causa. Ora vejam só...

Hoje, dia 30 de Outubro, comemora-se do Dia Nacional de Prevenção do Cancro da Mama. Um mal que afecta muitas mulheres e homens por este mundo fora. (E atenção, quando me refiro que também afecta os homens, estou a falar mesmo de afectar a sério e, não apenas porque os homens apreciam muito seios...) O Estapafúrdios do Quotidiano teve acesso a um vídeo, onde um grupo de 3 rapazes se comprometeram a dar $20 para a pesquisa contra o cancro da mama, por cada senhora que lhes deixasse fazer o chamado "barco a motor". 

Nós, aqui no Estapafúrdios do Quotidiano, estamos dispostos a fazer algo parecido. Contudo e visto que este blog não tem qualquer fonte de rendimento iremos pagar do nosso bolso. Palmas para nós! Viram o quão generosos somos... Woww dirão as leitoras. Já estou a imaginar, filas e filas de fãs a virem ter connosco dispostas a ajudar a liga contra o cancro da mama.

«Calma, calma, senhoras. Todas vocês poderão contribuir. Chegamos para todas...»

Mas antes de começarmos a ajudar, quero apenas esclarecer que visto que nós somos maus em matemática e uma vez que o dólar está em queda, a taxa de conversão não será bem a mesma utilizada pelos bancos. Vocês podem não acreditar mas nos dias que correm, $20 apenas correspondem a €0.02. Quase que parece mentira mas é verdade... Por isso, eu e o RIC (ele ainda não sabe disto mas também irá contribuir) iremos dar 2 cêntimos (SIM, LERAM BEM! 2 CÊNTIMOS! UMA GENEROSIDADE ASSIM NÃO SE VÊ TODOS OS DIAS! É A LOUCURA...) para a pesquisa contra o cancro da mama. Iremos dar 2 cêntimos por cada senhora que nos deixar fazer um "barco a motor". Poderemos até chegar aos 3 cêntimos se a senhora tiver uns seios avantajados. 

Antes de terminar deixem-me apenas referir, que visto que eu sou um homem sério e casado (e visto que a minha mulher lê isto) irei ceder o meu lugar a um grande amigo meu. Um tipo que gosta tanto de ajudar pessoas em necessidade como de fazer "barcos a motor". (Tu sabes quem és não preciso de dizer.) Mulheres deste país (e arredores) ajudem-nos a ajudar! Agarrem nos vossos seios e venham até nós! Nós queremos superar o outro grupo (que conseguiu angariar mais de $2,000 esfregando a sua cara em 104, ou melhor, 208 generosos seios).
E para vos incentivar ainda vos deixo o vídeo para vocês verem que não dói nada. Pelo contrário, a maioria das senhoras até se ri.

P.S. Modas depois pagas-me uma imperial. (Ups, já me descaí... eheh).

GIL

Alou! Então e que tal? Hum...? Não me responde?! Ahh! Não sabe o que responder a esta pergunta, não é?! Pois, eu sinceramente também não sei. Sempre que me fazem esta pergunta fico na dúvida sobre o que responder. Conclusão da história, cria-se ali uma conversa um tanto ou quanto constrangedora e sem sentido algum. Sinto que nestas alturas o melhor é responder qualquer coisa, nem que seja um esgar, e seguir em frente.

A falta de comunicação é algo que pode deixar as pessoas constrangidas, ou não! Que o diga Nicholas Nauman, o inventor do restaurante - EAT - em Nova Iorque. Um restaurante onde as pessoas estão proibidas de falar durante a refeição. Diz que é para se sentir melhor o sabor do prato... Modernices, é o que é! O Estapafúrdios do Quotidiano quis saber mais sobre este restaurante e, por isso, eu disponibilizei-me para ir até lá. Digamos que... para vivenciar esta nova experiência. Ora vejamos:

(Ao chegar ao restaurante…)

GIL: Ora boas tardes. Mesa para um sff.

Empregado: AH!AH! Mesa para um. Que triste, não arranjou quem viesse consigo, foi?

GIL: Mau!!! Então mas você está a gozar comigo? Se a ideia é não se falar enquanto se come, porque raio é que viria com outra pessoa?

Empregado: Chiuuu. Aqui não se pode falar.

GIL: Ai que grande lata! Mas você insulta-me e depo…

Empregado: Chiuuu. Silêncio. Aqui não se fala. Especialmente pessoas que jantam sozinhas.

GIL: EPÁ!! EPÁ!! EU JURO QUE…

Empregado: Silêncio… Venha comigo que eu vou levá-lo à sua mesa. De apenas... uma pessoa…hihihi.

GIL: AIII... SEU, SEU…

Empregado: Olhe o barulho...

«Quando cheguei à mesa já lá tinha, um copo de água, dois papo-secos rijos e uma manteiga rançosa. Como a ideia era provar, lá barrei um pouco da manteiga no pão e dei uma dentada. Horrível! Completamente nojento. O pão tinha bolor e a manteiga sabia a formigas. Levei o copo de água à boca, na tentativa de apagar aquele sabor, mas foi pior ainda. A água sabia a canos ferrugentos.»

GIL: Ó EMPREGADO!! PST!!

Empregado: CHIUUU… Já lhe disse que aqui não se fala. Aponte só o que deseja comer e lá fora, depois de comer, logo conversamos.

«Eu, contra vontade, apontei: Guisado à chefe! E calei-me, na esperança do prato não demorar e ser saboroso. Chegou o prato, tinha um excelente aspecto. Mas logo descobri que era apenas aspecto. A carne sabia a ranço e o chouriço parecia intestino cru. UM NOJO! Fui tentar as batatas mas o sabor não foi melhor. Batatas cozidas, requentadas, com um sabor indecifrável. A minha vontade era insultar e espancar o empregado mas contive-me. Fiz-lhe sinal, pedi a sobremesa e aguardei.

Assim que chegou a sobremesa percebi logo que não valia a pena provar. O cheiro que emanava daquela mousse de chocolate deixava transparecer, perfeitamente, ao que ela devia saber. Cocó de vaca! 
Pedi a conta, cheio de raiva, e paguei ainda com mais raiva pois tinha sido o jantar mais caro da minha vida! A coisa que eu mais queria agora era sair daquela sala e matar alguém no hall de entrada! Sentia-me enganado, gozado e deveras enjoado...»

GIL: Ó, SEU BARDAMECO! QUE MERDA DE COMIDA ERA AQUELA?!

Empregado: Então, aquilo é a comida que nós servimos aqui…

GIL: Mas aquilo nem de comida merece ser chamado. É um ultraje! Um engano! Saiba que vou escrever sobre isto para o blog do Estapafúrdios do Quotidiano! Todos os nossos (4) leitores irão saber sobre o que se passa aqui...

Empregado: Ahh! O senhor é o famoso Gil, escritor do Estapafúrdios do Quotidiano?! Então vou-lhe contar um segredo. Esta história toda de se comer sem se falar, para se saborear melhor o comer, é tudo treta. O nosso chefe, o Sr. Nicholas, cozinha horrivelmente mal. Mas como não tolera que falem mal dos pratos que ele confecciona inventou este conceito. Assim todo o mundo "come e cala". AHAH! Ideia fantástica, não é?

GIL: É...É... Espere lá só um bocadinho, que eu vou só ali dentro agradecer pessoalmente ao chefe...

Empregado: Ei... Sr. Gil. Pst... Espere, onde é que você vai...

GIL: CHIIIUUU... AQUI NÃO SE FALA!!!

GIL