A super estratégia da coligação para vencer as eleições...
estapafurdiosdoquotidiano, 28.09.15
Portugal anda num alvoroço como já não se via desde há uns anos atrás, quando se soube que Carlos Castro tinha sido assassinado pelo seu canito de estimação, Renato Seabra. Mas, desta vez, o alvoroço não se deve ao uso erróneo da função de um saca-rolhas, mas sim do facto de as eleições legislativas estarem aí à porta. Dia 4 de Outubro é o dia escolhido para os portugueses escolherem qual o rumo que o país deve tomar. E já se sabe que, em tempo de eleições, os partidos políticos andam loucos para conseguirem ter o maior número de votos possíveis. E para isso são capazes de tudo... O Estapafúrdios do Quotidiano teve a oportunidade de testar um novo sistema super avançado de espionagem, conseguindo colocar uma mosca equipada com esse mesmo sistema numa das reuniões que Paulo Portas e Passos Coelho tiveram, recentemente, para afinar as estratégias de luta, conseguindo assim gravar todo o diálogo... Ora vejamos como foi esse diálogo...
Coelho: Olá, pá! Então, como estás hoje?
Portas: Pá, não. Já te disse mais que uma vez que, sempre que te dirijas à minha pessoa, me trates pelo cargo importantíssimo que desempenho neste grande país... Por favor, é shôr vice-primeiro-ministro, Paulo Portas.
Coelho: Oh, porra homem! Só estamos aqui os dois, pá! Deixa-te de mariquice política!
Portas: O quê? Estás a insinuar alguma coisa, com essa história da "mariquice política"? Será que temos de nos chatear? Será que tenho de terminar, de forma totalmente irrevogável, com esta coligação?
Coelho: Oh, calma... Vamos lá a ter calma, shôr vice-primeiro-ministro! Mas fica sabendo que, se é para nos gabarmos dos cargos importantíssimos que desempenhamos para este país, então peço-te que me trates por primeiro-ministro! Porque sim, quem manda aqui, afinal, sou eu e não tu. Se começas a armar-te em chico-esperto, eu faço-te já a vida negra! E olha que de assuntos africanos percebo eu muitíssimo bem, que estou casado com uma africana que tem mão pesada! Estamos entendidos?!
Portas: Passos, pá… Então? Achas que é preciso tanta agressividade? Tem lá calma contigo, pá… Eu estava apenas a brincar.
Coelho: Ainda bem que estamos esclarecidos. Bom, vamos a assuntos sérios: o que podemos fazer para passar para a frente das sondagens? É que o indiano está à nossa frente… Vai-se lá saber como…
Portas: Eu cá sei como…
Coelho: Ai, sim? Então e qual tem sido o segredo dele? Pode-se saber?
Portas: Simples: dar-te uma abada em todos os debates frente-a-frente!
Coelho: Isso não é verdade! Eu… Eu…
Portas: Tu… Tu… Foste é enxovalhado! E agora quem sofre com isso sou eu, que tenho de trabalhar pelos dois para conseguir levar esta coligação até à vitória! Por isso, ó primeiro-ministro, temos de fazer algo para conseguir inverter a situação actual.
Coelho: Por muito que me custe, concordo contigo. Então… que medidas devemos anunciar para convencer os «zé povinhos» deste país a votar em nós?!
Portas: Ora sei lá! Olha, não foste tu que ficaste a dever 5 anos de descontos à segurança social? E que tal pegares nesse valor e anunciares que o vais distribuir aos portugueses através do reembolso de IRS do ano que vem?
Coelho: Olha, olha, quem fala… Então e se, em vez disso, nós vendêssemos os teus queridos e preciosos submarinos e anunciássemos que o dinheiro da venda do Arpão e Tristão iria ser distribuído pelos portugueses?!
Portas: Vá, deixa-te de brincadeiras… Eu tenho uma grande estima pelos meus submarinos. Por isso é que eles estão parados na base do Alfeite: para que não se estraguem…
Coelho: Então não sei o que fazer… E se eu falar com a gorda alemã? Para ela aparecer e dizer aos portugueses que ela já não manda aqui e tal — como se isso fosse verdade —, para assim eles votarem em nós?
Portas: A gorda?! Esquece, pá! Essa anda ocupada a entalar a Grécia e a lixar os refugiados… Já sei, pá! Tens de fazer como eu — que já andei a elogiar essa raça inferior, que são as mulheres — e elogiar os pensionistas! Eles, na verdade, só querem é que nós falemos deles. Que demonstremos preocupação por eles e tal…
Coelho: Estás doido, ou quê? Os velhos só lixam é os cofres ao estado, com o raio das pensões deles, e tu queres dar-lhes ainda mais força? Estás doido, ou quê? Para isso, preferia mil vezes pedir aos licenciados que eu enxotei daqui para fora, para regressarem ao país…
Portas: Estamos tramados…
Coelho: O sacana do indiano saltitão vai ganhar esta porcaria!
Portas: Ah, ja sei! Vamos insistir com o reembolso da sobretaxa do IRS para 2016!
Coelho: Estás doido?! Há lá dinheiro para isso, homem!
Portas: Eish, que tu às vezes és muito lento de raciocínio… Tu sabes que somos um país idoso, correcto?
Coelho: Correcto.
Portas: Então, basta aos velhos ouvirem falar na palavra «reembolso», e ficam doidos!
Coelho: Eh pá, mas tu estás doido? Alguma vez temos lá dinheiro para reembolsar a sobretaxa em 2016? Sem falar na gorda alemã, que nos matava!
Portas: Porra, será possível que, depois destes anos a trabalhar comigo, ainda não aprendeste nada de política?
Coelho: Como assim?!
Portas: Eh pá, na política temos de ser peritos em demagogia! Primeiro dizemos que prometemos dar mundos e fundos, depois mudamos de ideias, voltamos com a palavra atrás e culpamos o estado do país por isso. Isso é que é ser político…
Coelho: Ah, estou a ver que já tens muita prática em demagogia…
Portas: Tenho pois! Tenho tanta prática que, há uns anos atrás, usei a palavra «irrevogável» para enganar um otário com o intuito de ficar com o cargo que tenho hoje… Se isso não é ser perito em demagogia…
Coelho: Ah, seu sacana!
Portas: Vice-primeiro-ministro, ó fáchavôr…
(Ó pra eles, tão amiguinhos...)