O Repórter do Estapafúrdios do Quotidiano, saiu à rua!
estapafurdiosdoquotidiano, 27.12.13
Ho! Ho! Ho! Ah, desculpem lá isto, pá… São efeitos ainda deste Natal que passou. Não sei porquê, mas o raio do Natal fica-se-me incrustado de tal forma na alma, que não consigo parar de pensar no Pai Natal, nas prendas, no bacalhau, nos doces, nas prendas, no Pai Natal, nos doces, nos doces, nos doces… Ah, e não sei se já tinha referido, mas também costumo pensar muito em azevias, filhoses, sonhos e… Que disparate, também são doces. Esqueçam lá isto… Já vos tinha contado que gosto muito dos doces típicos do Natal? Deixem-me lá ler o que já escrevi anteriormente para ver se… Ah, sim: de facto, já tinha contado que adoro os doces típicos do Natal. Sendo assim, só me resta falar das prendas. Ah, raios! Parece que também já falei sobre isso… Já sei, vou falar das trocas e devoluções das prendas de Natal. Eh pá, mas sobre isso já falou o meu colega GIL, no estapafúrdio de ontem… Então, afinal o que é que eu vinha aqui falar hoje…? Não faço a mais pequena ideia… Olhem, já sei! Vamos fingir que temos um repórter, e que o enviámos para a rua para entrevistar a malta que anda nas devoluções ou trocas de prendas de Natal! Só preciso que façam um pequeno esforço criativo, e imaginem que, de facto, o próximo diálogo está a acontecer em directo! Conseguem? (Ei, tu aí… Não comeces já a destabilizar isto, afirmando que não consegues! Arregaça mas é as mangas, e bebe um bom Vinho do Porto – diz que faz maravilhas à criatividade do ser humano.)
(Vamos lá a isto…)
RIC: Boa tarde, caros leitores do Estapafúrdios do Quotidiano! Depois de mais um Natal rico em prendas, eis que chega a altura de trocar ou devolver as prendas que nos foram oferecidas. Nesta altura, é costume os centros comerciais encontrarem-se cheios de pessoas ávidas por trocar os seus presentes de Natal. Para comprovar esta teoria, enviámos o nosso repórter de serviço, José António Zeferino De Sousa Tipo Coisinha Feia Que Assusta Pessoas Por Possuir Um Nariz Horrendo e Uma Verruga Enorme Na Testa, para a Rua Augusta, em Lisboa, para fazer umas perguntas a quem anda às trocas ou devoluções de prendas… (Como o nome do nosso repórter é um pouco extenso, optei por o chamar apenas de Zé. Parecendo que não, facilita um pouco…) E estamos em directo da Rua Augusta, com o nosso repórter, o Zé. Zé, boa tarde! Diz-me: como é que se encontra o ambiente por aí, na Rua Augusta?
Zé: Olá RIC. Olha, sabes, isto tem sido uma manhã de uma verdadeira desgraça!
RIC: Desgraça, Zé? Então, o que se passou?
Zé: Não é o que se passou! É o que se está a passar! Isto tem sido uma loucura toda a manhã! Já vi de tudo a acontecer aqui, na Rua Augusta!
RIC: Ai, sim, Zé? Então, mas estás aí há muitas horas?
Zé: Nem por isso.
RIC: Ah… Duas horas?
Zé: Nop…
RIC: Uma hora?!
Zé: Nem de longe… Estou aqui há cerca de 3 minutos, e digo-te: têm sido os 3 minutos mais terríveis de que tenho memória…
RIC: Então porquê, Zé?!
Zé: Por causa do trânsito… Tem sido um verdadeiro inferno…
RIC: Ah! Estás a referir-te ao trânsito que apanhaste para chegar até à Rua Augusta? É estranho, porque costuma estar muita gente de férias nesta altura do ano, e o trânsito em Lisboa costuma estar um pouco mais folgado…
Zé: Eu não estou a referir-me aos carros, RIC.
RIC: Ai, não…?
Zé: Não. Estou a referir-me às pessoas!
RIC: Às pessoas, Zé? Como assim…?!
Zé: Sim, ao trânsito infernal que as pessoas fazem ao andar por aqui, pela Rua Augusta…
RIC: Então, mas podes fazer uma estimativa, por alto, de quantas pessoas é que andam por aí, pela Rua Augusta, Zé?
Zé: Ui, não é fácil… visto ser uma multidão… Ora, deixa cá ver… Ora, uma… duas… três! É isto, são três. Um verdadeiro inferno, RIC. Nem imaginas! É praticamente impossível circular nesta rua, com tanta gente de um lado para o outro…
RIC: TRÊS?! E isso, para ti, é uma multidão, Zé?!
Zé: Para mim, tudo o que é mais de dois, é uma multidão, sim senhor… que eu não gosto nada dessas maluquices… Cresci no meio de uma família bastante conservadora…
RIC: Ok, Zé… Bom, e dessas três pessoas, quantas é que vão trocar ou devolver prendas que tenham recebido no Natal?
Zé: Ah, isso é fácil: uma!
RIC: Uma?!
Zé: Sim, sou eu. Vou trocar um par de cuecas que a minha tia Ermelinda me ofereceu, e que estão três números acima do meu. Acho que, a minha tia, enganou-se e comprou as cuecas como se fosse para o meu tio que, infelizmente, já faleceu… Mas ela sofre de Alzheimer, e esqueceu-se disso…
RIC: Pois, realmente, é triste…
Zé: O quê?
RIC: O falecimento do teu tio, e o problema de saúde da tua tia, Zé…
Zé: Pois é... Muito triste e chato…
RIC: Chato, Zé?!
Zé: Sim, chato. Se o meu tio não tivesse falecido, e a minha tia não sofresse de Alzheimer, eu não tinha de estar aqui a sofrer horrores no meio desta multidão composta por três pessoas, apenas para trocar um par de cuecas…
RIC: Ah… Bom, e foi o directo possível da Rua Augusta, com o nosso repórter José António Zeferino De Sousa Tipo Coisinha Feia Que Assusta Pessoas Por Possuir Um Nariz Horrendo e Uma Verruga Enorme Na Testa…
Um bom fim-de-semana de trocas e devoluções…
RIC